quinta-feira, 20 de março de 2014

Partida quente

Pra mostrar que dono de Opala também pode ser nerd, postei aqui o datalog de uma partida a quente. O log foi gerado utilizando o TunerStudio MS v2.5.05 (registrado, porque nerd precisa se alimentar) e visualizado no MegaLogViewer MS v3.4.04 (também registrado, porque o nerd também precisa alimentar a família). 

No momento, esses são os softwares mais populares para utilizar com a Megasquirt, especialmente com o firmware extra, MS2-Extra, MS3, etc. No meu caso uso o MS2-Extra, principalmente por rodar ignição wasted spark em 6 cilindros.

No log as curvas falam por si, mas para quem não está acostumado é o seguinte:
Logo no começo, a rotação do motor é bem baixa (entre 100 a 150 RPM) pois ele está sendo virado pelo motor de arranque. Assim que o motor pega, a rotação pula pra uns 1400 RPM, devido ao motor de passo da lenta estar bem aberto (Stepper Idle position). Como o motor já está quente (CLT em torno de 86 ºC) o motor de passo logo fecha até a posição 25, que corresponde a posição de lenta para o motor aquecido e resulta numa rotação entre 750 e 800 RPM. 

Se fosse um carro carburado essa lenta já estaria bem boa pro comando que eu uso, mas pra injeção eletrônica ainda tem que melhorar um pouco. Ficando em 700 RPM com o motor liso e sem tremedeira fico feliz. Vou andar um pouco com ele assim e acertar os outros parâmetros, depois aos poucos vou melhorando a lenta.

Legenda:
RPM -> rotação do motor
MAP -> pressão absoluta da admissão
VE1 -> parâmetro do mapa de combustível
PW  -> largura de pulso do injetor
Lambda -> relação da mistura ar/combustível
CLT -> temperatura da água
MAT -> temperatura do ar
Stepper Idle position -> posição do motor de passo da lenta
TPS -> posição da borboleta
TPSdot -> derivada (taxa de variação) da posição da borboleta



Cabo arrumado (por enquanto)

Acho que arrumei o cabo da embreagem, pelo menos por enquanto. Além do problema de derreter o cabo tinha o problema do ajuste do garfo. Agradeço o pessoal do fórum Opaleiros do Paraná, especialmente do Glaucio, pela dica de olhar na regulagem do garfo também, pois eu já tava muito bitolado com a história do aquecimento que não dei bola pro resto.

Na foto dá pra ver que o parafuso estava praticamente caindo, mais tosco impossível, daquele jeito não tinha como funcionar mesmo.

Aproveitei pra fazer uma isolação térmica pra evitar (ou pelo menos adiar) o derretimento o cabo pelo calor do 6x2, revestindo uma mangueira industrial com uma camada de fita thermotape e uma de fita reflect-a-gold. A ideia é refletir parte do calor irradiado pelo 6x2 com a fita de cima e isolar o calor com a fita intermediária. O coletor também foi revestido com thermotape, para reduzir o calor que ele joga pra fora.
Ficou parecendo uma embalagem de salame, mas desde que funcione tá bom assim, pelo menos posso reutilizar em outros cabos.


O cabo é um Fania, com a ponta que vai no bloco de metal e com aquele revestimento interno de plástico. Mantive o revestimento interno, mesmo sabendo do risco de ele derreter, porque com ele o acionamento do pedal ficou bem macio. Só espero que o revestimento térmico cumpra seu papel e não deixe o cabo derreter denovo.

O resultado ficou muito bom, o pedal ficou bem macio apesar do platô de sei lá quantas libras que eu uso. Ficou pouca coisa mais pesado que um original, bem tranquilo pra usar na rua. Espero que continue funcionando.


domingo, 2 de março de 2014

Merda de cabo























Que merdão. Agora que o carro tá com freio, motor funcionando, tudo certo pra dar umas voltas e acertar injeção e ignição, derrete o cabo da embreagem. O problema é que o cabo passa bem do lado do coletor 6x2 e, como é uma porcaria, não aguenta o calor e derrete. Principalmente nessa fase de acerto da ignição, que o ponto pode estar um pouco atrasado, o que gera mais calor ainda no escapamento.

Basicamente acontecem dois problemas: ou aquele tubo interno de plástico derrete e tranca o cabo, fazendo o pedal pesar bastante, ou a porcaria da ponta do cabo (de plástico! que bosta!) que encosta no bloco derrete e solta do tubo de aço do cabo. Ou os dois.

Bom, derreti um cabo marca Diabo só acertando a lenta, parado na garagem, porque não tinha me ligado nesse problema. Aí dei uma pesquisada nos fóruns e vi que isso é comum pra quem usa 6x2. Então comprei outro cabo, marca Au Au, enrolei com fita térmica, enrolei o coletor com fita térmica e afastei um pouco o cabo do coletor. Mesma coisa.

Comprei um cabo marca Fania, que é conhecida como a melhor marca que tem por aí, que tem as duas pontas de metal e enrolei em fita térmica, mas não mudou muita coisa. Dei umas voltas e já ficou ruim de engatar a primeira e o ré. Cheguei em casa e já tive que ajustar na parede do cofre.

Resumindo, desse jeito não dá. Carro parado na garagem denovo. Tudo bem, se pensar um pouco deve ter uma solução, mas to de saco cheio de ter que fazer peça, depois de tanto tempo mexendo no carro não rola mais. Agora eu quero por gasolina e andar. Mas é a vida, mexer com carro velho é assim, vou ter que bolar alguma coisa.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

Chegaram as peças

Tirando a CPU Megasquirt, que eu já tinha no motor velho, essas foram as primeiras peças que chegaram para o motor novo: throttle body, kit de comando e uma parte da linha de combustível. 

Fiquei mais de um ano comprando as peças e guardando no quarto, até chegar a hora de montar no carro. Tirando as que fiz em casa, a maioria comprei pelo eBay, disparado o melhor lugar pra comprar peça. Mesmo assim é uma merda, porque tem câmbio, tem MUITO imposto (compra uma peça pro cara outra pra Dilma por no Opala dela) e demora pra chegar.

Se for comprar aqui é bem pior, além de tudo isso tem que aturar a picaretagem do Mercado Livre ou pagar o dobro se for comprar em uma loja.

E peças nacionais somente em último caso, só se não tem nada lá fora ou se é muita diferença de preço, porque geralmente são uma bosta. Como engenheiro fico triste em falar isso, porque temos capacidade técnica e recursos pra desenvolver e fabricar peças de mesmo nível que as importadas, infelizmente não temos mercado. 

O consumidor brasileiro não está acostumado a exigir qualidade e, quando uma empresa quer fabricar um produto de ponta, não consegue vender porque tem que concorrer com similares mais baratos e de pior qualidade.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

Motor novo - primeira partida

O início desse vídeo nem dá pra chamar de partida. Nem dá pra chamar de arranque também, porque o motor não chegou pegar, nem tava totalmente montado. Tá mais pra uma primeira girada, a primeira vez que fiz ele girar com o motor de arranque.

Não quis fazer o motor pegar logo de uma vez. Tinha acabado de levar o carro embora da oficina, faltando um monte de coisa pra terminar. O mecânico que montou a mecânica no carro pra mim (Alemão - Novo Hamburgo) ficou literalmente um ano com o carro na oficina, e só enrolava, eu fiquei tão de saco cheio de ver meu carro parado lá que levei embora do jeito que tava e fui terminar sozinho em casa. Isso que eu ia largando todas as peças na mão do cara, ele nem precisava pensar muito, não era nada muito além de encaixar as peças no carro. Mais tarde, conversando com outros mecânicos da cidade, descobri que eu não fui o único cliente a reclamar da mesma coisa.

Bom, o motor estava todo novo, bloco, cabeçote, tudo. Achei melhor só dar uma girada com o motor de arranque primeiro, menos agressivo, mais fácil de perceber alguma merda na montagem. Com isso já aproveitei pra testar o sinal do sensor de posição do virabrequim, na saída do circuito de condicionamento do sinal, que chega no pino do processador da minha Megasquirt. 

Esse circuito eu já usava no meu motor antigo, já esperava que fosse funcionar bem, sem surpresas, ainda mais que agora uso um cabo blindado do sensor até a CPU. No osciloscópio dá pra ver que o sinal está bem comportado e, como uso uma roda de 60-2 dentes no virabrqueim, a frequência de 142.8 Hz corresponde a 142.8 RPM (motor sem as velas). Também da pra ver quando o sensor cruza a falha de 2 dentes da roda, onde o período do pulso é maior.

A segunda parte do vídeo sim é a primeira partida, de noite, filmagem tosca, som horrível. Meu amigo Dalanha foi lá pra olhar e já chegou filmando, mais go horse impossível. Go horse assim como o resto do carro naquela hora, tudo meio improvisado pra ver logo o motor funcionar!

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Bloco [3-3]




Infelizmente, não tenho fotos do bloco desmontado logo após a retífica. O jeito é quebrar o galho com as fotos do motor inteiro montado, dentro e fora do carro.


Uma das diferenças entre esse bloco e o do Opala são os parafusos do cabeçote. A rosca é a mesma, mas o comprimento é diferente. São bem caros e bem difíceis de achar, mesmo em desmanche. Novo se acha só em concessionária e pedem em torno de 15 pila cada um. 

Acabei medindo o comprimento do furo e comprando parafusos allen novos, muito mais baratos (acho que não deu nem 3 pila cada um), além de serem tão ou mais fortes quanto os originais.

Nessa foto sem coletor dá pra ver as rampas do cabeçote, truque sujo clássico para melhorar a velocidade das portas de admissão siamesas do Opala.

Bloco [2-3]

Numa oficina de 4x4 em Porto Alegre apareceu dois motores de Silverado, um completo e outro parcial. No meu caso não valia a pena comprar o completo, ia ser jogar dinheiro fora, já que não ia usar a maioria das peças. Ou por não fazer parte do projeto, ou porque eu ia trocar por nova, melhor marca que existe.

Então comprei o parcial, que no fim saiu mais barato ainda, porque vendi umas peças que não usei, tipo suporte das bombas de dirção e ar, capa seca e volante.

Assim que comprei, início de 2010, guardei ele num quarto de bagunça que tinha no prédio em que morava na época. Um vizinho aproveitou a ideia e guardou ali um bloco de Gol GTi, que ele estava restaurando. Até ver os dois lado a lado, não tinha noção da diferença de tamanho de um motor para o outro. 

Tudo bem, é o dobro de cilindrada, mas olhando lado a lado parece que a ficha cai melhor. Não tem muito sentido comparar os dois aspirados. Tudo bem que o AP 2000 é décadas mais moderno que o 4100, mas a diferença de caneco é muito grande! E o AP nem é tão moderno assim. Pro duelo fazer sentido, só se for turbo liberado, aí o que vai definir é o projeto ($$$), o piloto ($$$), a estrutura do carro ($$$), o tipo de pista ($$$)...


Ficou meses guardado ali, até que tive que mudar de apartamento. Aí que eu descobri quanto pesa um bloco de Opala (ou Silverado, nesse caso tanto faz, pra quem tem que carregar é a mesma coisa), e não to falando de massa, to falando de força mesmo. É muito trambolhudo!

Coloquei ele nesse carrinho azul da foto, amarrei uma corda e comecei a puxar, mais go horse impossível. O prédio novo ficava a duas quadras do velho, só asfalto, barbada. Óbvio que deu merda... O motor é muito pesado e ia direto pra sarjeta com a inclinação do asfalto. Tive que pedir ajuda pra patroa, ela foi segurando o bloco e eu puxando a corda! Até que depois de duas longas quadras conseguimos chegar e colocamos ele na sacada. Disso eu não posso reclamar, quem tem carro velho sabe o quanto é difícil achar uma patroa que aceita as viagens que o cara inventa, ainda mais uma que ajuda!


Ficou acho que um ano guardado na sacada, até mandar para a retífica. Lá os cilindros foram abertos para usar pistões forjados Iapel de 100 mm (não confundir com 4 polegadas do Opala 4 cilindros, que são 101.6 mm), aumentando a cilindrada para 4200. A escolha do pistão foi uma novela, ainda vou fazer um post só sobre isso. Todo conjunto móvel foi balanceado, da polia até o platô, incluindo pistões e bielas (convertidas para pino flutuante). 

Acho fundamental um motor preparado ser balanceado. Chega a ser meio ridículo o cara gastar um monte com peça de performance num motor velho e quadrado. E depois achar que anda horrores, que balancear é frescura, que o motor treme todo porque é mexidão... Óbvio que esse motor quadrado vai dar mais potência que o original, mas não é por isso que vai ser bom, e que não poderia ser melhor se fosse otimizado mecanicamente.


CONTINUA...

quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Bloco [1-3]

Ia colocar como título desse post "Escolha do bloco", mas acho que "escolha" não é a palavra certa. Não tem como chegar numa loja e escolher um bloco novo de Opala (novo é novo mesmo, remanufaturado não vale), nem mandar vir do eBay.
No caso dos V8 americanos, VW ar, VW água, o cara até consegue realmente escolher e comprar um novo, que apesar de caro tem por aí e é bem fácil de achar. Já bloco de Opala não fazem mais, aí complica as coisas. Até pouco tempo atrás a GM fabricava no México os 292, que são parecidos com os nossos 250 de Opala, mas agora nem isso mais.

Então o negócio é não fica chorando e usar o que a casa oferece. O que eu pude escolher foi bielas de 6" e retentor, o que restringiu as opções pra bloco moderno de Opala 92 ou Silverado.

Retentor pra não ter vazamento de óleo, porque fiquei traumatizado de tanto óleo que vazava do meu motor velho! 

Biela de 6", em vez de 5,7" do motor antigo, porque tende a reduzir os esforços na parede do cilindro. É só lembrar da aula de física (pra quem não lembra pode olhar o exemplo na figura aqui do lado) onde a força resultante F é composta por Fx + Fy, sendo Fy = F * sen(alfa) e  Fx = F * cos(alfa).

Quanto mais próximo de 90 graus for o ângulo alfa, maior será Fy em relação a Fx, resultando em maior força transferida para o pistão e menor esforço lateral no cilindro. E quanto mais longa a biela, mais tempo ela irá permanecer em ângulos mais próximos de 90 graus. 


Como eu ia usar injeção eletrônica e ignição sem distribuidor, a roda dentada (60-2 dentes) da Silverado ia me poupar o trabalho de adaptar alguma coisa ou comprar uma. Sem falar que todo o sincronismo do sistema depende dela, então não pode haver gambiarra nessa peça.

Sendo assim fui de bloco de Silverado 4.1. Apareceu um bloco bom, preço parecido com o de Opala moderno, nível de moscabranquice parecido também. E como dizem: "é o mesmo bloco do Opala 92"! 

Que mentira!!! Quem fala isso é muito burro, mentiroso ou nunca viu um bloco desses na vida, assim como quem fala que é igual ao do Ômega 4.1.
São parecidos, apenas isso. Colocar bloco de Silverado em Opala definitivamente não é plug and play, e de Ômega deve ser pior ainda, porque muda mais coisas. Falo mais sobre isso num próximo post.  

CONTINUA...


domingo, 26 de janeiro de 2014

Seis caneco na garagem

Para quem não joga Age com recurso infinito, é assim que começa. Só falta o resto, mas nunca é só.

Inauguração do blog

O primeiro post é ruim de escrever. Por enquanto vou colocar só umas fotos e um vídeo, outra hora escrevo alguma coisa melhor.